WhatsApp será o que o Skype poderia ter sido (e não foi)
O WhatsApp é um aplicativo extremamente popular no Brasil. São mais de 100 milhões de usuários ativos mensalmente. Após anos focando apenas em desenvolver um app que funcionasse muito bem e não tivesse problemas com a segurança de conteúdos das mensagens, a empresa vai desenvolver recursos para companhias. Com isso, ele caminha para ser o que o Skype poderia ter sido.
O Skype é um aplicativo que parou no tempo. Depois que foi comprado pela Microsoft, paramos de ver novidades interessantes vindo dele. Ele é funcional e integrado ao pacote Office, área mais lucrativa da empresa. No entanto, ele não se adaptou bem aos tempos atuais. Seu app é pesado e tem poucos recursos que sejam tão interessantes quanto os dos WhatsApp.
Traçando um paralelo, o Skype está para o WhatsApp assim como Orkut está para o Facebook. O Orkut morreu porque parou de inovar (e porque não fez sucesso nos Estados Unidos e na Europa como fez no Brasil e na Índia). O WhatsApp tem muita semelhança do Orkut porque é popular em mercados emergentes. Nos EUA, ele nem sequer figura no ranking dos 25 apps mais baixados. O motivo? Lá, iPhone é como nariz, todo mundo tem. Por isso, usa-se o iMessage, que é o serviço de SMS no qual as mensagens são gratuitas e trafegam pelos servidores da Apple.
O WhatsApp agora terá recursos para empresas e é de lá que ela vai tirar o seu lucro. Algumas coisas já estão claras hoje: negócios terão um selo de autenticidade para evitar problemas com fraudes e o recurso de chamadas de voz em grupo está chegando, já está em testes. Esta última função é crucial para qualquer serviço de mensagens voltado para o mercado corporativo.
Imagine uma call com quatro ou mais pessoas via WhatsApp. Como temos que fazer isso hoje? Todos precisam estar na mesma sala. Mesmo assim, isso não é sempre possível. Talvez alguém esteja meio longe, como ali em Brasília, ou muito longe, como lá em Taiwan. Com as chamadas de voz em grupo, o aplicativo vai começar a ganhar competitividade. A julgar pela quantidade de usuários que ela tem, mais de 1 bilhão no mundo todo, sua adoção deve ser rápida e o Skype perderá espaço se não reagir à altura. Para isso, ele também teria que cumprir uma das missões mais difíceis no Vale do Silício atualmente: atrair a atenção (e o engajamento) dos jovens.
Fato é que o WhatsApp tem muito mais chances de se tornar uma empresa bem estabelecida no segmento de mensagens para o mercado corporativo do que o Skype tem de se manter relevante. Ele conquistou uma geração que estará em posições de poder dentro de poucos anos. Eles decidiram o que usar e o WhatsApp será um candidato fortíssimo na disputa contra o Skype e outros rivais.
É por isso que o Facebook comprou o WhatsApp por 22 bilhões de dólares. Se o Office é o produto mais lucrativo da Microsoft, imagina quanto o Facebook pode lucrar com uma versão do WhatsApp para empresas? Mark Zuckerberg realmente não dá ponto sem nó nessa vida.